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Sequência
Didática
Francisco
José Vieira da Costa
De
volta ao primeiro beijo
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Público alvo: 8º ano do ensino
fundamental
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Duração: seis aulas
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Quais as sensações, sentimentos que
evocam o primeiro beijo?
·
Quais as lembranças? Foi bom? Foi com a
pessoa certa?
Assistiremos
ao curta “Saliva”, de Esmir Filho
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Qual será o assunto tratado?
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Você já beijou? Como foi? Com quem foi?
·
Se não beijou ainda, como você imagina
que poderá ser?
·
O primeiro beijo foi especial para você?
Por que?
O autor:
Moacyr
Jaime Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 — Porto
Alegre, 27 de fevereiro de 2011) foi um escritor
brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor
universitário. Sua
prolífica obra consiste de contos, romances, ensaios e literatura
infantojuvenil. Também
ficou conhecido por suas crônicas nos principais jornais do país.
Filho
de José e Sara Scliar, Moacyr nasceu no Bom Fim,
bairro que concentra a comunidade judaica. Alfabetizado pela mãe, professora
primária, a partir de 1943 cursou a Escola de Educação e Cultura, daquela
cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Nossa Senhora do
Rosário (católico).
Em 1963, após se formar pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, iniciou sua vida como médico,
fazendo residência médica. Especializou-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Iniciou
os trabalhos nessa área em 1969. Em 1970, frequentou curso de pós-graduação em medicina em Israel.
Posteriormente, tornou-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde
Pública. Foi professor da disciplina de medicina e comunidade do curso de
medicina da Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Em
1965, casou-se com Judith Vivien Oliven. O filho do casal, Roberto, nasceu em
1979.
Moacyr
Scliar era torcedor do Cruzeiro, de Porto Alegre.
Devido a sua morte, os jogadores do Cruzeiro fizeram uma homenagem para este
torcedor-símbolo do clube, entrando de luto na partida contra o Grêmio, no dia 27 de
fevereiro, que contou com um minuto de silêncio em homenagem a
Scliar.
Foi o
sétimo ocupante da cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito
em 31 de julho
de 2003, na sucessão
de Geraldo França de Lima, e recebido em 22 de outubro
de 2003 pelo acadêmico Carlos Nejar.
MOACYR
SCLIAR
De volta ao primeiro beijo
De volta ao primeiro beijo
Nunca a esquecera, ainda que depois tivesse beijado várias outras moças,
uma das quais se tornara a sua companheira
"O primeiro beijo é uma coisa muito falada. Sem dúvida é uma experiência muito marcante, inesquecível. O primeiro beijo é uma maturação, uma descoberta. Ao mesmo tempo, para alguns, ele pode ser um monstro assustador", diz o cineasta Esmir Filho, diretor de "Saliva". O filme conta como Marina, uma garota de 12 anos, é pressionada a dar o seu primeiro beijo no experiente Gustavo.
Folhateen
TINHA ACABADO de ler a matéria sobre o
primeiro beijo, no pequeno apartamento em que morava desde que ficara viúvo,
anos antes, quando (coincidência impressionante, concluiria depois) o telefone
tocou. Era uma mulher, de voz fraca e rouca, que ele de início não identificou:
- Aqui fala a Marília - disse a voz. Deus, a Marília! A sua primeira namorada,
a garota que ele beijara (o primeiro beijo de sua vida) décadas antes! De
imediato recordou a garota simpática, sorridente, com quem passeava de mãos
dadas. Nunca mais a vira, ainda que frequentemente a recordasse - e agora, ela
lhe ligava. Como que adivinhando o pensamento dele, ela explicou: - Estou no
hospital, Sérgio. Com uma doença grave... E queria ver você. Pode ser? - Claro
-apressou-se ele a dizer- eu vou aí agora mesmo. Anotou rapidamente o endereço,
vestiu o casaco, saiu, tomou um táxi. No caminho foi evocando aquele namoro,
que infelizmente não durara muito tempo - o pai dela, militar, havia sido
transferido para o Norte, com o que perdido o contato - mas que o marcara
profundamente. Nunca a esquecera, ainda que depois tivesse beijado várias
outras moças, uma das quais se tornara a sua companheira de toda a vida, mãe de
seus três filhos, avó de seus cinco netos. E não a esquecera por causa daquele
primeiro beijo, tão desajeitado quanto ardente.
Chegando ao hospital foi direto ao quarto. Bateu; uma moça abriu-lhe a porta, e era igual à Marília: sua filha. Ele entrou e ali estava ela, sua primeira namorada. Quase não a reconheceu. Envelhecida, devastada pela doença, ela mal lembrava a garota sorridente que ele conhecera. Consternado, aproximou-se, sentou-se junto ao leito. A filha disse que os deixaria a sós: precisava falar com o médico.
Olharam-se, Sérgio e Marília, ele com lágrimas correndo pelo rosto. - Você sabe por que chamei você aqui? -perguntou ela, com esforço. - Porque nunca esqueci você, Sérgio. E nunca esqueci o nosso primeiro beijo, lembra? Na porta da minha casa, depois do cinema... - Claro que lembro, Marília. Eu também nunca esqueci você... - Pois eu queria, Sérgio... Eu queria muito... Que você me beijasse de novo. Você sabe, os médicos não me deram muito tempo... E eu queria levar comigo esta recordação...
Ele levantou-se, aproximou-se dela, beijou os lábios fanados. E aí, como por milagre, o tempo voltou atrás e de repente eles eram os jovenzinhos de décadas antes, beijando-se à porta da casa dela. Mas a emoção era demais para ele: pediu desculpas, tinha de ir. A filha, parada à porta do quarto, agradeceu-lhe: você fez um grande bem à minha mãe. E acrescentou, esperançosa: - Acho que ela agora vai melhorar. Não melhorou. Na semana seguinte, Sérgio viu no jornal o convite para o enterro. Mas, ao contrário do que poderia esperar, apenas sorriu. Tinha descoberto que o primeiro beijo dura para sempre. Ou pelo menos assim queria acreditar.
Chegando ao hospital foi direto ao quarto. Bateu; uma moça abriu-lhe a porta, e era igual à Marília: sua filha. Ele entrou e ali estava ela, sua primeira namorada. Quase não a reconheceu. Envelhecida, devastada pela doença, ela mal lembrava a garota sorridente que ele conhecera. Consternado, aproximou-se, sentou-se junto ao leito. A filha disse que os deixaria a sós: precisava falar com o médico.
Olharam-se, Sérgio e Marília, ele com lágrimas correndo pelo rosto. - Você sabe por que chamei você aqui? -perguntou ela, com esforço. - Porque nunca esqueci você, Sérgio. E nunca esqueci o nosso primeiro beijo, lembra? Na porta da minha casa, depois do cinema... - Claro que lembro, Marília. Eu também nunca esqueci você... - Pois eu queria, Sérgio... Eu queria muito... Que você me beijasse de novo. Você sabe, os médicos não me deram muito tempo... E eu queria levar comigo esta recordação...
Ele levantou-se, aproximou-se dela, beijou os lábios fanados. E aí, como por milagre, o tempo voltou atrás e de repente eles eram os jovenzinhos de décadas antes, beijando-se à porta da casa dela. Mas a emoção era demais para ele: pediu desculpas, tinha de ir. A filha, parada à porta do quarto, agradeceu-lhe: você fez um grande bem à minha mãe. E acrescentou, esperançosa: - Acho que ela agora vai melhorar. Não melhorou. Na semana seguinte, Sérgio viu no jornal o convite para o enterro. Mas, ao contrário do que poderia esperar, apenas sorriu. Tinha descoberto que o primeiro beijo dura para sempre. Ou pelo menos assim queria acreditar.
Depois da leitura
·
Qual é a ideia principal (tema) do
texto?
·
Quem está contando a história?
·
Como foi o primeiro beijo dessa pessoa?
Onde foi?
·
Por que ele marcou tanto?
·
Você está de acordo com o título do
texto?
·
Como você acha que o primeiro beijo pode
influenciar a sua vida?
·
Existe linguagem não verbal no texto,
assim como no curta?
·
O texto é uma crônica. Quais são as
características da crônica?
·
Em quais veículos o texto pode ser
apresentado?
·
Que tipo de público alvo tem o texto?
·
O que é intertextualidade? O texto é construído
a partir de uma resenha. Quais as relações entre notícia e crônica?
·
Os textos (curta, resenha e crônica)
dialogam entre si?
Produção e criação
· Produzir
um vídeo, através do celular, retratando sobre o tema discutido (utilizando o
espaço da escola, dentro e fora da sala de aula, sob a supervisão do professor)
· Escrever
uma resenha sobre o vídeo
· Escrever
uma crônica, sobre o tema
· Em
grupos de cinco alunos
Tempo:
·
uma aula para a filmagem, outra para a
produção dos textos
·
uma aula para socialização do material
trabalhado